Startups brasileiras inovam ao entrar na fila dos IPOs. Veja quais

Com taxas de juros baixas e excesso de liquidez nos mercados globais, a renda variável se torna cada vez mais atraente para os investidores.

E com o aumento da procura por ações, mais e mais empresas enxergam na bolsa uma boa oportunidade para se capitalizar via ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês). Até as startups estão aderindo ao movimento.

Só nos oito primeiros dias de setembro, seis novas companhias enviaram suas documentações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), solicitando autorização para fazer IPO. No mês passado, foram 23 pedidos.

Modalidade de investimento de sucesso na Europa e EUA

Nesta fila, chama a atenção a presença de cinco startups. No Brasil, a bolsa sempre foi encarada como território das grandes companhias, ao contrário do que acontece nos EUA e na China, onde é comum que startups se financiem no mercado de capitais.

“Temos mais de 30 operações de emissão de ações a caminho. O juro baixo atrai novos investidores para a renda variável. Então, teremos vários negócios e não só de startups”, explica Pedro Galdi, da Mirae Asset.

João Paulo Teixeira Cardoso, sócio da Unnião Investimentos, destaca que as startups necessitam de muito capital para custear seu crescimento, desenvolvimento e ganho de mercado. Por isso, a entrada na bolsa vem a calhar. “O IPO ajuda com a parte financeira, levantando recursos para continuar o caminho rumo ao desenvolvimento. Além disso, gera visibilidade.”

EQI, BTG Pactual Forpus Capital lançam novo fundo de ações

Outro fator é importante para a empresa, do ponto de vista de gestão e governança corporativa. É natural que haja uma melhora no nível de controles internos e otimização de processos, acrescenta o líder de auditoria da Grant Thornton Brasil, Octávio Zampirolo.

Startups: entrada na bolsa marca mudança na captação de recursos

Tradicionalmente, o modelo de negócio das startups se mantém no Brasil via fundos de investimentos e investidores-anjo.

Agora, com a possibilidade dos IPOs, os investidores pessoas físicas poderão participar de ofertas que antes só estavam disponíveis a grandes investidores institucionais através de fundos de private equity e venture capital.

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“Geralmente fundos e investidores-anjo querem participar de uma maneira mais ativa nos negócios após a injeção de capital. Isso pode, muitas vezes, ser prejudicial para o desenvolvimento da empresa. Quando a startup precisa apenas de capital, acaba sendo mais vantajoso fazer a captação dos recursos através do IPO”, avalia Cardoso.

IPOs de startups e os ganhos para o investidor

Para Galdi, a chegada das startups é bastante positiva, não só para as startups, mas também para o investidor: “As empresas se capitalizam e os investidores passam a ter mais opções na bolsa”, diz.

Cardoso e Zampirolo pensam o mesmo: sempre que uma nova empresa entra na bolsa de valores, os investidores tendem a se beneficiar.

No entanto, é preciso cuidado especial ao investir nas startups. Para os que quiserem entrar na oferta inicial, é fundamental, por exemplo, ler com atenção o prospecto enviado à CVM. Nesse documento, a empresa detalha os dados financeiros, o que pretende fazer com os recursos captados, seus planos e os fatores de risco.

O investidor deve avaliar bem quais são os concorrentes da startup no mercado. E ponderar se a empresa terá espaço de crescimento ou se vai concorrer com quem já atende bem ao público-alvo.

Quais startups farão IPO?

Cinco startups já fizeram registro de oferta inicial de ações. São elas: o site de intermediação de vendas Enjoei; o aplicativo de cupons e cashback Méliuz; a plataforma de imóveis Housi; o clube de assinatura e e-commerce Wine; e a plataforma de conteúdo e originação de venda Mosaico, dona das marcas Zoom, Buscapé e Bondfaro. Conheça cada uma delas.

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Méliuz

A Méliuz fez registro do IPO para oferta primária e secundária de ações. A companhia contratou o Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco BBI e a XP Investimentos para coordenarem a oferta.

Conforme o prospecto, os recursos levantados na oferta primária serão direcionados para ampliar a participação da empresa nos mercados em que já atua: marketplace e serviços financeiros e para potenciais aquisições de empresas consideradas estratégicas.

O lucro líquido da empresa totalizou R$ 12,6 milhões no primeiro semestre de 2020, contra R$ 1,6 milhão no mesmo período de 2019.

A receita líquida atingiu R$ 56,4 milhões nos seis meses findos em 30 de junho de 2020 e R$ 35 milhões em igual período do ano passado.

O Ebtida alcançou R$ 19,5 milhões no primeiro semestre deste ano, ante R$ 3,7 milhões no primeiro semestre de 2019.

A margem Ebtida atingiu 34,6% no seis primeiros meses de 2020 e 10,8% em igual período de 2019.

Enjoei

O site Enjoei realizará oferta primária e secundária de ações.

A companhia não informou no prospecto a destinação dos recursos levantados na tranche primária. Mas a oferta será coordenada por BTG, Bradesco BBI, J.P. Morgan, XP Investimentos e UBS.

No ano passado, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 20,7  milhões, ante R$ 20,1 milhões de 2018 e R$ 12,8 milhões de 2017.

A receita líquida atingiu R$ 53,6 milhões em 2019, contra R$ 38,9 milhões de 2018 e R$ 33,5 milhões de 2017.

O lucro bruto foi de R$ 16,8 milhões no ano passado, ante R$ 8,5 milhões de 2018 e R$ 8,7 milhões de 2017.

Housi

De acordo com o prospecto, a Housi realizará oferta primária e secundária de ações, coordenada por Credit Suisse, Bank of America, UBS, Citi e Safra.

Os recursos levantados na oferta primária serão direcionados para ampliação da participação no mercado e lançamento de produtos estratégicos.

Em 2019, a empresa teve lucro líquido de R$ 30,7 milhões, contra R$ 24 milhões de 2018 e R$ 142,4 mil de 2017.

A receita líquida atingiu R$ 5,5 milhões em 2019, contra R$ 3,3 milhões de 2018.

O Ebtida alcançou R$ 51,9 milhões em 2019, ante R$ 36,6 milhões de 2018 e R$ 184 mil de 2017.

A margem Ebtida atingiu 935% em 2019, 1083,6% em 2018 e 1,6% em 2017.

Wine

Segundo o prospecto da Wine, a oferta será primária e secundária. Os coordenadores são Itaú BBA, o Bank of America, o BTG Pactual, a XP e o ABC.

De acordo com a Wine, os recursos captados na oferta primária serão destinados para investimentos em tecnologia, investimentos em campanhas de marketing e publicidade, investimentos em logística; em expansão de lojas físicas, e na aquisições de outras empresas.

No primeiro semestre deste ano, a Wine registrou receita líquida de R$ 146,3 milhões, ante contra R$ 115,7 milhões do mesmo período de 2019.

O lucro bruto atingiu R$ 70 milhões, ante R$ 54,7 milhões.

O Ebtida ficou R$ 11,2 milhões nos primeiros seis meses, contra Ebtida negativo de R$ 4,9 milhões em igual período de 2019.

A margem Ebtida foi de 7,66% no primeiro semestre deste ano, ante margem negativa de 4,34%.

A dívida líquida encerrou junho de 2020 em R$ 9,7 milhões, contra R$ 14,9 milhões em igual período de 2019.

Mosaico

O IPO da Mosaico consistirá de oferta primária e secundária. Conforme o prospecto, a Mosaico utilizará os recursos captados para ampliação da participação no mercado de comércio eletrônico. Isto por meio de iniciativas estratégicas para expansão de verticais; novos modelos de negócio; e adição de tecnologias.

Os coordenadores da oferta serão o Banco BTG Pactual, o Itaú BBA, o J.P. Morgan e o Goldman Sachs.

O lucro líquido da empresa ano passado foi de R$ 63,9 milhões. Contra R$ 5,1 milhões de 2018, e R$ 8,5 milhões de 2017.

A receita líquida ficou em R$ 129,4 milhões no ano passado. Em 2018, foi de R$ 91,6 milhões. E, em 2017, R$ 73,9 milhões.

A margem bruta atingiu 90,57% em 2019, 92,45% em 2018 e 96,65% em 2017.

 

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